O material aprendido, apreendido, retrabalhado ou apresentado de forma
pura, não seria contível no tempo de um único disco. Madregaia é um
álbum duplo, que soma aos registros tomados diretamente nas fontes, as
contribuições criativas e respeitosas de Luis Perequê, Renato Braz, Edu
Santana, Dércio Marques, Kátia Teixeira, Vozes Bugras, Stênio Mendes,
grupos Tarumã e Tarancón, Juh Vieira, Noel Andrade, Cao Alves, Toninho
Carrasqueira, Toninho Ferragutti, Zé Elder, Joaõ Bá e Juraíldes da Cruz,
Chico Buarque (sim, porque suas valsinhas vêm tão do fundo do País
quanto o trenzinho com que Villa-Lobos nos desvenda a alma), Vidal
França, Amauri Falabella e outros autores contribuem com seus trabalhos
que partem da cultura oral e ajudam a compor o repertório de 26
maravilhas em forma de música. Resta falar da voz de Dani Lasalvia.
E resta falar do encanto - do estado de eterno encantamento de Dani
Lasalvia. E da sonoridade ímpar que cada abordagem imprime ao original
(re)tratado. E da alma - eu que não acredito em almas - dessa mulher
magnífica. Mas as palavras serão frias, pois não traduzirão a emoção de
ouvir Dani, de ouvir Madregaia.
Não, ela não assume esse papel. Seria incompatível com seu olhar
carinhoso - nada de modéstia, por favor: apenas a compreensão de ser uma
voz, uma pessoa, no conjunto das belezas reveladas. Mas é difícil não
achar que, filha da terra, não seja ela um pouco mãe de nós, que tanto
com ela aprendemos.
Mauro Dias, Jornalista
Maio de 2006
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