CANTO SEM FRONTEIRA

terça-feira, 14 de maio de 2019

VICTORIA SAAVEDRA - REMANSO ENTRE RAIZES - COLOMBIA

A jovem cantora e compositora colombiana Victoria Saavedra é sinônimo de sonoridades latinoamericanas em transito pelo tempo e espaço. Sua música transcende e transpassa as extensões continentais ao mesmo tempo que conecta as antigas tradições com a contemporaneidade. A mais lapidada prova disso é o seu delicado e autêntico primeiro trabalho autoral, Remanso entre Raizes (2017), álbum que tem como ponto de partida o universo da canção latino-americana, com elementos rítmicos e matizes da música africana e da música brasileira. Victoria Saavedra escolheu, há 7 anos, São Paulo como sua base irradiadora, onde conta com grande reconhecimento. Prestigio resultante da ressonância dos seus múltiplos projetos como Candombá, Moçuba, Mateus Porto e Victoria Saavedra, Orquestra K, e o espetáculo de música e dença Mar Alto em parceria com a dançarina Marina Abib. Cantado em espanhol e português, Remanso entre Raízes é um mosaico de gêneros musicais onde se sobressai a qualidade dos arranjos, a criatividade compositiva e o inconfundível timbre e potência vocal da cantora Victória Saavedra.


Natural da cidade de Neiva, Victoria veio a São Paulo em 2010 para estudar música na faculdade Souza Lima, com a intenção de passar dois anos, que acabaram se transformando em sete. “O Brasil era um país latino que eu ainda precisava explorar”, explica, ao contextualizar que sempre voltou os estudos para os ritmos da parte sul do continente americano.
E Remanso entre Raízes é o resultado puro dessa pesquisa musical. As dez faixas atravessam sem dificuldade as fronteiras entre o país de origem e o atual lar da cantora, tanto no idioma dos versos, como nos arranjos e nas harmonias. O disco é dividido igualmente entre composições em português e espanhol, uma estratégia utilizada para driblar a barreira musical existente no Brasil em relação à produção dos outros países latino-americanos.
“Uma das minhas intenções é fazer com que as pessoas entendam que o Brasil faz parte da América Latina”, confessa. “Para mim foi bem estranho quando cheguei aqui e tive a sensação de que estava muito distante, quase como em outro continente. Quando eu falava que era colombiana, as pessoas me perguntavam se eu cantava música latina, o que foi engraçado, já que em outros países, música latina não é sinônimo só de cumbia, mas também de samba e bossa-nova.”
O LP conquista pela musicalidade complexa. Além dos instrumentos base de percussão, tocados por Mateus Prado, do baixo de Pedro Dona e do violão de Luca Frazão, ao longo do álbum, as faixas ganham nuances de cuatro, korá, kalimba, guasá, marimba e violino, sons que ditam a pluralidade da produção.
As letras, que falam sobre lugares de origem, pertencimento e empatia, são acompanhadas por melodias que refletem a vivência latina de Victoria. “Vuelos de Maria”, música que abre o disco, traz, por exemplo, uma melodia calcada no landó, ritmo afro-peruano, enquanto a segunda faixa, “Passam”, oferece um embalo brasileiro, emprestado do xote. Um redescobrimento do significado de música latina.
* Anna Mota

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http://www.victoria-saavedra.com/web/br/

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